Durante uma audiência pública realizada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) em junho deste ano, um piloto da companhia aérea Voepass relatou diversas dificuldades enfrentadas pelos funcionários da empresa.
Entre os problemas mencionados estão o cansaço devido a viagens de até duas horas e meia para chegar ao local de trabalho e interrupções frequentes durante períodos de folga, quando a empresa entra em contato com os pilotos.
A companhia aérea Voepass afirmou que está em conformidade com a legislação vigente. Essas questões ganham relevância após o trágico acidente envolvendo um avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, São Paulo, na última sexta-feira (9), resultando na morte de 62 pessoas.
Embora o piloto que deu o depoimento, Luís Cláudio de Almeida, de Campos de Jordão, não estivesse no voo que sofreu o acidente, seu testemunho levanta preocupações sobre as condições de trabalho na empresa.
Luís Cláudio de Almeida destacou ainda problemas relacionados à alimentação e ao transporte dos pilotos para o aeroporto, apontando para um cenário de desgaste que pode impactar a segurança e o bem-estar dos profissionais.
“Então, não tenham na cabeça de vocês, ou da diretoria da Anac, conceito de crime, ou conceito de fadiga. Não quero que vocês amanhã durmam e falem: ‘a culpa foi minha’. Eu peço que seja revisado isso para não ter nosso nome no mayday (emergência), não ter desastre aéreo por fadiga. Escutem, na hora que vocês tiverem cansados e se lembrem da nossa fadiga. Porque os aeronautas merecem”, disse Luís Cláudio em um desabafo sincero.
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Esses relatos surgem em um momento crítico, em que a segurança das operações aéreas está sob intenso escrutínio devido ao recente acidente. A Voepass, proprietária do avião acidentado, enfrenta agora uma investigação aprofundada para determinar as causas da queda da aeronave.
O depoimento do piloto pode se tornar um ponto de discussão importante nas investigações, já que a fadiga e as condições de trabalho são fatores cruciais na aviação e podem influenciar a segurança dos voos.
O acidente e as subsequentes revelações sobre as condições de trabalho dos pilotos destacam a necessidade de um olhar atento às práticas da indústria da aviação no Brasil.
Garantir que as regulamentações de segurança e de trabalho sejam rigorosamente seguidas é essencial para proteger tanto os passageiros quanto os tripulantes. A conscientização e a ação sobre essas questões podem prevenir futuras tragédias e assegurar que as vozes dos profissionais sejam ouvidas e respeitadas.
Conforme as investigações prosseguem, espera-se que as autoridades possam trazer à tona as causas do acidente e garantir que as devidas medidas sejam tomadas para evitar que situações semelhantes ocorram novamente. Enquanto isso, as experiências e desafios enfrentados pelos pilotos permanecem no centro das discussões sobre segurança na aviação.