Embora tenha construído uma carreira sólida e reconhecida no meio artístico, Francisco Cuoco também teve sua trajetória marcada por episódios de engajamento político, ainda que de forma indireta.
Sem nunca disputar um cargo eletivo, o ator acabou envolvido em campanhas por conta das aspirações do filho, o empresário Diogo Rodrigues Cuoco, que tentou se lançar na vida pública durante os anos 2000.
Esse envolvimento acabou revelando um lado mais crítico e reservado de Cuoco em relação à política nacional. Em 2002, Diogo se lançou como candidato a deputado estadual pelo então PMDB, no Rio de Janeiro. Durante a campanha, no entanto, foi o pai quem atraiu mais atenções.
Em compromissos realizados ao lado de lideranças partidárias como José Serra, o veterano ator acabou se tornando o centro das atenções, muitas vezes confundido como o próprio candidato pelos eleitores e pela imprensa local.
Dois anos depois, Diogo tentou uma nova investida, desta vez ao cargo de vereador pelo PL, também sem sucesso, recebendo pouco mais de 4.500 votos. Após duas tentativas frustradas do filho, Francisco Cuoco se distanciou definitivamente de qualquer novo envolvimento com campanhas políticas.
Em 2005, o ator manifestou publicamente seu descontentamento com o cenário político nacional, citando o escândalo do Mensalão como fator decisivo para abandonar qualquer intenção de apoiar iniciativas eleitorais, mesmo em âmbito familiar.
Para Cuoco, a decepção com os rumos da política brasileira, especialmente após a redemocratização e a ascensão de figuras como Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, foi suficiente para reforçar sua decisão de manter-se restrito ao mundo artístico.
“Estou fora. Não esperava que depois do Collor isso fosse acontecer mais. É decepcionante. Prefiro ficar no sonho, que é minha atividade. A atuação do Lula foi muito modesta na área cultural. E o governo Lula acabou”, detonou Cuoco em entrevista ao jornal Folha de São Paulo.
O caso revela como figuras públicas, mesmo sem atuação direta na política, podem exercer forte influência sobre o ambiente eleitoral, despertando tanto esperanças quanto frustrações.
No caso de Cuoco, a experiência acabou reforçando sua convicção de que o palco e a ficção são ambientes mais seguros para a expressão de ideais do que os bastidores do poder.