Em um caso que chocou a cidade de Torres, no Rio Grande do Sul, três mulheres da mesma família perderam a vida após consumirem um bolo contaminado com arsênio durante uma celebração natalina. O incidente, ocorrido em 23 de dezembro, transformou uma reunião familiar em uma tragédia que continua revelando desdobramentos perturbadores.
Jefferson Luiz Moraes, que perdeu sua esposa Maida Berenice Flores da Silva após mais de três décadas de casamento, descreveu os momentos angustiantes que se seguiram ao consumo do doce. “Na primeira fatia, ela já desconfiou”, relatou Jefferson, lembrando como sua esposa e as outras vítimas apresentaram sintomas imediatos de envenenamento.
As outras vítimas fatais foram identificadas como Neuza Denise Silva dos Anjos, irmã de Maida, e Tatiana Denise dos Anjos, filha de Neuza. Zeli dos Anjos, responsável pelo preparo do bolo, sobreviveu após passar por tratamento intensivo, recebendo alta hospitalar em 10 de janeiro.
Uma reviravolta nas investigações levou à prisão de Deise dos Anjos, nora de Zeli, uma semana antes da reportagem. As autoridades descobriram que ela havia adquirido arsênio pela internet, substância que foi posteriormente identificada como a causa das mortes.
O caso ganhou complexidade adicional quando investigadores decidiram reexaminar a morte de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli e sogro de Deise, ocorrida em setembro. A exumação do corpo revelou a presença do mesmo veneno, arsênio, em seu organismo.
Evidências descobertas no celular da suspeita incluem buscas na internet por “veneno para o coração”, “arsênio veneno” e “veneno que mata humano”. Uma nota fiscal encontrada confirma a compra do arsênio dias antes do falecimento de seu sogro, Paulo Luiz dos Anjos.
Em uma mensagem de áudio recuperada durante as investigações, Deise expressava sentimentos negativos em relação à sua sogra: “É uma peste”, dizia ela. Este elemento adiciona uma nova camada de complexidade ao caso, sugerindo possíveis motivações para os crimes.
Um menino de 10 anos, filho de Tatiana, também foi afetado pelo envenenamento e precisou de hospitalização, embora tenha sobrevivido. Este aspecto do caso adiciona uma dimensão ainda mais trágica à situação, envolvendo uma criança no incidente.
A defesa de Deise, por meio de seu advogado, enfatiza a importância da presunção de inocência, argumentando que o inquérito ainda está em andamento. Quanto às evidências encontradas no celular da acusada, a defesa sustenta que estas devem ser analisadas dentro do contexto apropriado.