Gabrielle Monteiro Sousa, adolescente de 16 anos de Sete Lagoas, quase ficou cega devido a uma sinusite bacteriana inadequadamente tratada. A moça esteve internada por dois meses, e os sintomas ficaram evidentes um mês antes.
A situação veio à tona quando notou um inchaço no olho enquanto se preparava para a escola. Depois de inúmeras consultas, uma tomografia feita em Belo Horizonte, em 31 de maio, revelou uma massa pressionando seu olho para fora, resultando em sua internação.
Realizaram-se duas biópsias, ambas sem resultados conclusivos. Somente durante a cirurgia de remoção parcial do osso, a equipe médica descobriu a causa do problema: uma infecção bacteriana. “A bactéria quase alcançou meu cérebro. Tudo por uma sinusite mal tratada”, compartilhou Gabrielle ao portal Metrópoles.
Gabrielle tinha sinusites frequentes, mas nunca com tanta severidade. “Era normal. Quando o clima mudava, nós nos preparávamos. Se a febre aparecia, procurávamos o médico e tomávamos antibióticos, mas não era algo que nos preocupava muito”, relata. Dor de cabeça e secreção nasal eram os sintomas mais habituais.
A situação atual a pegou de surpresa. “Foi aterrador. Os médicos disseram que se não removêssemos o excesso de bactéria, ela poderia atingir as membranas do cérebro e causar meningite. Graças a Deus, detectamos a tempo e eliminamos a maior parte do que estava ‘consumido’. A situação estava realmente ruim”, comentou Gabrielle.
Sinusite aguda ou crônica, uma inflamação bastante usual, raramente progride para casos graves como o de Gabrielle. Contudo, algumas pessoas podem ter complicações que levem à perda auditiva ou visual. Se a doença impactar o sistema nervoso, provocando abscessos ou meningites, as habilidades de movimento, linguagem, comportamento e cognição também podem ser afetadas. Em casos sistêmicos, considera-se o risco de sepse, que pode provocar falência múltipla de órgãos, informa o neurocirurgião Felipe Mendes.\n\nMendes adverte que qualquer sinusite que não apresente melhora com a utilização de vários antibióticos, ou que venha acompanhada de sintomas como alterações visuais, inchaço na face ou olhos, além de queixas neurológicas como dores de cabeça persistentes, crises convulsivas, mudanças no estado mental, sonolência excessiva e o surgimento de fraqueza ou alteração da sensibilidade em um lado do corpo, pode ser considerada potencialmente grave e necessita de avaliação médica urgente.
Segundo Mendes, casos tão severos como esse ocorrem em aproximadamente 1% a 3% dos casos, impactando mais pessoas com sistema imunológico vulnerável. As complicações mais temidas são as que afetam o sistema nervoso.
O tratamento para esses casos requer exames de imagem, como a tomografia realizada por Gabrielle, ou ressonância magnética para identificar a alteração causada pela bactéria. A depender do caso, pode ser necessária internação para uso de antibióticos intravenosos ou até mesmo intervenção cirúrgica.