Os tiktokers estão trazendo à tona uma antiga discussão sobre higiene dental: se é melhor enxaguar a pasta no final da escovação ou não. Na versão popularizada pela plataforma de vídeos, a ideia é manter o resíduo de dentifrício na boca, sem bochechar com água. Mas o que dizem os especialistas?
De acordo com Margherita Fontana, professora de odontologia da Universidade de Michigan, os criadores de conteúdo estão corretos. Em uma entrevista ao jornal Washington Post, a especialista explicou que, ao bochechar você está “enxaguando os ingredientes ativos colocados na sua pasta”.
O principal componente benéfico presente na pasta dental é o flúor, um elemento que desempenha um papel crucial na proteção do esmalte dentário contra os ácidos produzidos pelas bactérias na boca, ajudando assim a prevenir a cárie dentária.
A descoberta da eficácia do flúor remonta ao início dos anos 1900, por meio de estudos realizados por dentistas americanos e italianos. A partir de 1945, muitas cidades ao redor do mundo passaram a adicionar flúor ao abastecimento de água. No Brasil, a fluoretação da água potável tornou-se obrigatória por lei em 1974.
Os problemas dentários geralmente ocorrem quando uma pessoa consome excesso de doces ou negligência a higiene bucal adequada. Quando as bactérias bucais se alimentam de açúcar, produzem ácidos que podem permanecer em contato com os dentes por períodos prolongados, causando a desmineralização do esmalte e resultando no desenvolvimento de cáries.
Em doses excessivas, o flúor pode ser tóxico, causando desconfortos como dores estomacais e diarreia. No entanto, a quantidade presente na maioria das pastas de dente (1.500 ppm) é considerada segura, conforme evidenciado por um estudo de 2019 com 12 mil voluntários.
Em um vídeo divulgado na plataforma, a dentista Joyce Khang, que pratica na Califórnia, recomenda a abordagem de “sem bochecho” para aqueles que utilizam pastas de dente com flúor. Ela afirma no TikTok: “Se a sua pasta de dentes contém ingredientes ativos como flúor e nitrato de potássio, você deve cuspir, mas não enxaguar“.
De acordo com um estudo de 1999 realizado com mais de 2.800 adolescentes britânicos, aqueles que tinham o hábito de usar menos água ao final da escovação apresentaram menos cáries do que aqueles que enxaguavam completamente a boca.
Entretanto, manter o resíduo de pasta na boca pode ser desconfortável ou desagradável para algumas pessoas. Nesses casos, Margherita Fontana sugere que, após o enxágue, a pessoa faça um bochecho com enxaguante bucal contendo flúor. Alternativamente, se possível, deixar de enxaguar por 20 minutos já pode trazer benefícios significativos.
