Imagens recentemente divulgadas revelam o momento exato em que um homem de 46 anos, identificado como Ludierley Satyro José, foi brutalmente atacado com dois coquetéis molotov por um adolescente de 17 anos.
O ataque ocorreu enquanto a vítima dormia em uma calçada na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro e foi transmitido em tempo real nas redes sociais. Nas imagens, um jovem que a polícia identificou como sendo um militar do Exército, de 20 anos, aparece registrando a ação com um celular.
Segundos depois, o adolescente acende o artefato incendiário e o lança na direção da vítima, que, ao perceber as chamas consumindo seu corpo, entra em desespero e tenta apagá-las arrancando suas roupas.
Mesmo ferido, Ludierley corre pela rua em busca de socorro, mas não havia ninguém por perto no momento do ataque. Com queimaduras graves, ele foi encaminhado para uma unidade hospitalar, onde permanece internado enfrentando dificuldades para falar, respirar e se movimentar devido à gravidade dos ferimentos.
O adolescente foi apreendido no dia 20, enquanto o militar foi preso no dia seguinte. O crime ocorreu a poucos metros da residência do menor. Segundo as investigações, o ataque foi motivado por um desafio proposto em uma comunidade online, onde o jovem teria recebido uma quantia de aproximadamente R$ 2 mil para realizar a ação.
Além da tentativa de homicídio qualificado, o menor também responderá por armazenamento de material de abuso infantil, encontrado em seu celular. Já o militar enfrentará acusações de tentativa de homicídio qualificado, associação criminosa, apologia ao nazismo, corrupção de menores e posse de conteúdo de exploração infantil.
A polícia identificou que os dois pertenciam a um grupo em uma plataforma digital que incentivava a disseminação de crimes de ódio e ideologias extremistas.

Miguel Felipe dos Santos Guimarães da Silva / Militar do Exército — Foto: Reprodução
A rede social usada para transmitir o crime afirmou que possui políticas rígidas contra discursos de ódio e violência, informando que tomou medidas como banir os envolvidos e encerrar o servidor onde o crime foi promovido.
Além disso, a empresa relatou o caso às autoridades e está colaborando com a investigação. A descoberta do crime ocorreu poucas horas depois da transmissão, quando o vídeo começou a circular amplamente na internet e chegou à Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima.
Paralelamente, familiares do adolescente reconheceram sua participação nas imagens e procuraram a delegacia mais próxima para denunciar o envolvimento do jovem no ataque. Os investigadores analisam a possibilidade de mais envolvidos no crime, incluindo quem financiou a ação.
Especialistas destacam a frieza do ataque, ressaltando que a vítima estava dormindo no momento da agressão e não teve qualquer chance de defesa. A brutalidade do caso chocou até mesmo os responsáveis pela investigação, que destacaram a aparente falta de empatia e remorso do agressor.
Segundo os investigadores, o adolescente demonstrou indiferença em relação ao que havia feito, tratando o crime como um ato banal dentro do grupo do qual participava.
No hospital, Ludierley passa diariamente por procedimentos dolorosos para remover a pele queimada e evitar infecções. O tratamento inclui sedação para suportar a raspagem dos tecidos danificados e a aplicação de medicamentos específicos para impedir a proliferação de bactérias.
Os médicos consideram seu estado grave, porém estável, mas não há previsão de alta. A dor intensa enfrentada pela vítima evidencia a brutalidade do ataque e levanta questões sobre a disseminação de grupos extremistas em plataformas digitais, onde crimes semelhantes podem estar sendo incentivados sem a devida fiscalização.