Em meio à escalada de violência e colapso institucional que afetam o Haiti, um episódio chocante ocorrido em Porto Príncipe ganhou repercussão nacional e acentuou o clima de tensão no país.
Uma mulher, identificada como comerciante local e figura conhecida pelos moradores da região, confessou ter envenenado cerca de 40 integrantes da facção criminosa Viv Ansanm, grupo considerado organização terrorista pelos Estados Unidos.
O ataque, realizado por meio da distribuição de empanadas caseiras, chamadas localmente de paté, ocorreu em uma área fortemente controlada por gangues, e está sendo interpretado por muitos como um ato desesperado de vingança popular frente ao caos da segurança pública.
A mulher, que rotineiramente vendia alimentos aos membros da facção, não despertou desconfiança ao oferecer os quitutes. Aproveitando-se da confiança que havia construído com os criminosos, ela preparou empanadas recheadas com uma substância altamente tóxica: óleo de oruga, um pesticida agrícola letal, misturado tanto à massa quanto ao recheio dos alimentos.
A maioria dos integrantes da facção que consumiu os alimentos contaminados morreu quase instantaneamente, sem possibilidade de socorro. Sobreviventes relataram episódios severos de convulsões e dores agudas, demonstrando a gravidade da intoxicação.
Diante da repercussão imediata do ataque, os membros sobreviventes da gangue iniciaram buscas para encontrar a autora do envenenamento. No entanto, a mulher antecipou-se e entregou-se voluntariamente a uma delegacia, onde confessou os detalhes da ação.
Atualmente, ela se encontra sob custódia e proteção das autoridades haitianas, que enfrentam dificuldades para manter a ordem em meio à presença crescente de grupos armados.
O massacre acontece em um contexto onde mais de mil pessoas já perderam a vida nos últimos meses em decorrência da violência promovida por gangues no país.
Com a estrutura estatal severamente enfraquecida e a ausência de um sistema de justiça funcional, muitos cidadãos têm recorrido a medidas radicais e perigosas, como o justiçamento, para reagir ao terror imposto por organizações criminosas.
A ação da comerciante, embora condenada legalmente, reflete o desespero de uma população que vê o Estado falhar continuamente em garantir a segurança básica.
Especialistas alertam que situações como essa podem se tornar mais frequentes diante da ausência de respostas eficazes das autoridades, gerando uma espiral ainda mais violenta e imprevisível.
O Haiti, mergulhado em um dos períodos mais críticos de sua história recente, segue em alerta, com uma população dividida entre o medo, a revolta e a busca por justiça a qualquer custo.