O que parecia ser mais uma ocorrência comum para os serviços de emergência na cidade Curitibanos, olocalizada no interior do estado de Santa Catarinha, revelou-se um dos momentos mais angustiantes da carreira do sargento Adriano Roberto Kieski, do Corpo de Bombeiros.
Ao atender a um chamado de atropelamento, o militar descobriu que uma das vítimas gravemente feridas era sua própria esposa, a cabo da Polícia Militar Kelly Rodrigues, de 39 anos.
O choque emocional foi imediato e profundo, segundo relato do próprio sargento, que presenciou a companheira caída ao solo, em meio a ferimentos e forte sangramento.
Kelly atuava na Rede Catarina de proteção à mulher quando parou a viatura ao notar um homem desfalecido na via. Gabriel dos Santos, de 29 anos, havia supostamente sofrido um mal súbito.
No ato de prestar socorro, a policial percebeu que um veículo se aproximava em alta velocidade e tentou retirar Gabriel do caminho, abraçando-o para protegê-lo.
No entanto, ambos foram atingidos violentamente. Gabriel não resistiu e morreu pouco depois de ser levado ao hospital, enquanto Kelly sofreu lesões graves, incluindo fratura no joelho e luxação no ombro. Ela foi submetida a cirurgia e permanece internada em estado estável.
O motorista de 30 anos, responsável pelo atropelamento, alegou em depoimento que não viu as vítimas por conta da baixa visibilidade no local e admitiu ter fugido do local por não possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Ele contou que transitava de forma desatenta após compromissos no comércio local e que, ao perceber o impacto, ainda deu voltas nas imediações para verificar se havia socorro, mas não permaneceu por medo de ser detido.
A delegada Grace Clos, responsável pelo caso, afirmou que não houve elementos suficientes para decretar a prisão preventiva do motorista até o momento. Ele irá responder por homicídio culposo, lesão corporal, omissão de socorro e fuga do local do acidente.
Novas oitivas serão realizadas nos próximos dias, incluindo a da policial Kelly, assim que sua recuperação permitir. O caso mobilizou a comunidade local e reacendeu discussões sobre responsabilidade no trânsito, especialmente envolvendo condutores não habilitados.
Também expôs o impacto emocional vivido por profissionais de segurança e resgate ao se depararem com tragédias que atingem diretamente seus próprios familiares.
A dor do sargento Adriano, aliada à bravura de sua esposa ao tentar salvar uma vida, comoveu colegas de farda e a população, que agora aguarda o desdobramento das investigações e a responsabilização do motorista envolvido.