As borboletas, com suas cores vibrantes e voo gracioso, são amplamente associadas à beleza, liberdade e transformação. No entanto, antes de atingirem essa fase, passam pela etapa de larva, conhecida como lagarta, que pode representar um perigo significativo para os humanos, dependendo da espécie.
Um dos casos mais perigosos é o da lagarta lonomia obliqua, a principal responsável por acidentes graves no Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde. Ela pertence à família Saturniidae e é conhecida por seus espinhos venenosos, capazes de causar sérios danos à saúde.
Essa espécie é comum em várias partes da América do Sul e Central, sendo vista principalmente no Brasil nas regiões Sudeste e Sul, especialmente em florestas montanhosas entre os meses de janeiro e abril.
A lonomia é frequentemente encontrada em árvores frutíferas, o que aumenta o risco de contato em áreas urbanas, especialmente em locais com pomares. O envenenamento ocorre ao tocar as cerdas espinhosas do animal, que liberam toxinas, causando uma série de sintomas, como dor intensa, sensação de queimadura, inchaço e mal-estar geral.
Outras lagartas, como as da família Megalopygedae, conhecidas como “cabeludas”, também podem causar queimaduras, mas seus efeitos são menos graves em comparação com a lonomia. Um exemplo recente envolveu a apresentadora Sandra Annenberg, que acidentalmente pisou em uma lagarta-cachorrinho, espécie Podalia orsilochus, e relatou uma dor insuportável.
Embora essas lagartas possam provocar desconforto, o tratamento com soro não é necessário na maioria dos casos, como foi no incidente de Sandra. Os casos de envenenamento por lagartas têm aumentado devido ao desmatamento, que força esses insetos a migrarem para áreas urbanas.
Os sintomas podem variar de dermatite urticante a casos mais graves, como hemorragias e lesões renais, dependendo da quantidade de toxina liberada e da resposta do organismo da vítima. Em situações graves, o soro antilonômico, produzido exclusivamente pelo Instituto Butantan, pode ser necessário para salvar vidas.
A prevenção é crucial para evitar acidentes com lagartas. Recomenda-se nunca tocar nesses insetos, especialmente ao trabalhar em áreas rurais ou florestais. Usar luvas ao manusear vegetação e prestar atenção ao encostar-se em troncos de árvores são medidas simples que podem evitar o contato.
Se um acidente ocorrer, é essencial lavar o local, aplicar compressas frias e procurar imediatamente atendimento médico, sem usar nenhum produto químico ou orgânico na lesão. A conscientização sobre esses riscos é fundamental, especialmente em regiões onde essas espécies são comuns.
“As pessoas mais vulneráveis, em geral são as crianças, que têm uma percepção menor do potencial risco de animais. E, em algumas situações, o fato de as crianças terem uma biomassa menor, isso também pode levar a um agravamento em um eventual envenenamento”, alerta o doutor em Zoologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande Daniel Loebmann.
Ao adotar medidas de precaução e saber como agir em caso de contato, é possível minimizar os riscos e garantir uma resposta rápida e eficaz aos envenenamentos.
