A Polícia Federal continua as investigações a respeito das invasões de garimpeiros em território indígena Yanomami. Nesta quarta-feira (15), novas informações foram divulgadas sobre o avanço das investigações.
As novas informações trazem detalhes do estado de exploração sexual que uma adolescente, de apenas 15 anos, era submetida em meio aos garimpeiros. A menina foi resgatada pela Polícia Federal.
Quem revelou maiores informações foi o conselheiro tutelar Franco Rocha, que acompanhou a Polícia Federal. A menina foi enganada para ir até o local, com a promessa de que trabalharia como cozinheira.
“Enquanto estava lá, passava a noite inteira sendo explorada. Geralmente eram de 15, 16 programas por noite”, revelou Rocha. As informações confirmam denúncias que vinham sendo feitas há meses.
A menina era considerada desaparecida desde 12 de fevereiro, quando a mãe procurou a Polícia Civil para fazer a denúncia. A menina foi resgatada junto de outras mulheres em um barco de garimpeiros, interceptado pela Polícia.
O delegado Marco Bontempo, que comanda a investigação, admitiu que esse foi o primeiro encontro da Polícia Federal com evidências do esquema de exploração sexual.
“A PF já tinha conhecimento de ‘cabarés’ no garimpo, mas essa é a primeira vez que identificam uma logística tão estruturada, e que é uma das logísticas que mantêm o garimpo”, esclareceu.
O delegado confirmou que existem denúncias que apontam que garimpeiros conseguiam cooptar mulheres, com promessas de emprego e dinheiro. Ao chegarem no local, no entanto, as mulheres e adolescentes eram obrigadas a se prostituir.
O conselheiro tutelar ainda deu maiores informações sobre o relato da adolescente. A menina revelou que havia mais menores envolvidas no esquema e que era obrigada a manter relações sexuais com os homens, sob ameaças múltiplas e constantes.
Ainda segundo as informações, o esquema contava também com uma espécie de “rodízio” das vítimas, para que não ficassem muito tempo num mesmo lugar.