Uma mulher vestindo um moletom preto entrou no estacionamento de uma concessionária da Tesla com a intenção de causar estragos. Para isso, levou quatro garrafas de bebida alcoólica cheias de gasolina e despejou o líquido inflamável sobre diversos veículos elétricos estacionados.
Em seguida, observou enquanto as chamas consumiam os automóveis. Durante um período de 13 dias, a partir de 29 de janeiro, registros judiciais indicam que Lucy Grace Nelson realizou múltiplas ações contra unidades da Tesla em Loveland, no estado do Colorado.
Em uma dessas ocasiões, pichou uma palavra ofensiva sob a placa de entrada da concessionária. Em outra, ateou fogo a um coquetel molotov próximo a um modelo Cybertruck.
Além disso, utilizou tinta em spray vermelho para deixar uma mensagem ofensiva nas portas de entrada do local. O advogado de Nelson não se manifestou sobre o caso.
Desde a posse do ex-presidente Donald Trump, diversos incidentes violentos ou atos de vandalismo vêm sendo registrados contra instalações da Tesla, de acordo com documentos judiciais, imagens de câmeras de segurança, registros policiais e reportagens da mídia local.
Os ataques se intensificam à medida que Elon Musk se consolida como uma figura pública controversa, sendo um dos mais influentes apoiadores de Trump e assumindo posições políticas alinhadas à direita.
O descontentamento contra o bilionário da tecnologia, que muitas vezes se expressa nas redes sociais, tem se materializado no mundo físico, resultando em depredações de lojas, estações de carregamento e veículos da marca.
Os episódios de vandalismo não se restringem ao Colorado. Em março, uma série de supercarregadores da Tesla foram incendiados em um centro comercial localizado em Littleton, Massachusetts.
No estado de Maryland, pichações contra Musk foram feitas na fachada de um prédio da empresa, acompanhadas de um símbolo controverso. Já em fevereiro, um homem disparou contra a vitrine de uma loja da Tesla em Salem, Oregon.
Investigações apontam que o mesmo indivíduo já havia atacado a concessionária semanas antes, lançando coquetéis molotov tanto nos veículos quanto contra as janelas do estabelecimento. O prejuízo causado ultrapassou meio milhão de dólares.
Esses atos de destruição se somam aos desafios enfrentados pela montadora, que já atravessa um período de dificuldades financeiras. Na Alemanha, o volume de carros comercializados caiu 76% em fevereiro em comparação ao mesmo mês do ano anterior.
Além disso, alguns consumidores demonstram arrependimento por terem adquirido veículos da marca, pois passaram a associá-los a um posicionamento político controverso, em contraste com a imagem ambientalmente consciente que a empresa cultivou no passado.
Investidores da Tesla também acompanham a situação com preocupação. Para alguns, os danos causados às lojas, veículos e estações de recarga podem afastar potenciais clientes, que temem se tornar alvos de vandalismo por se associarem à marca.
A Tesla já enfrentou ataques semelhantes antes. No ano passado, uma fábrica da empresa nas proximidades de Berlim ficou sem energia após um grupo ambientalista assumir a autoria de um incêndio em um poste elétrico próximo à unidade.
Meses depois, centenas de manifestantes tentaram invadir as instalações do local. As ações e declarações políticas de Elon Musk ao longo dos últimos anos aprofundaram a polarização em torno de sua figura.
Ele estabeleceu relações com políticos de direita na Europa e recentemente fez um gesto polêmico interpretado como referência a um símbolo nazista. Nos Estados Unidos, protestos têm sido organizados diante de lojas da Tesla como forma de repúdio à postura adotada por ele.
Apesar disso, autoridades destacam que atos de vandalismo e incêndios criminosos não são meios legítimos de expressão de discordância. Em resposta a pichações em uma estação de carregamento, a Tesla informou que tomará medidas legais contra os responsáveis pelos danos causados à sua infraestrutura.