Uma pesquisa comandada pelo promotor de justiça Thiago Pierobom, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e do assessor jurídico Gabriel Santana, da Procuradoria-Geral da República (PGR), revelou dados assustadores sobre a segurança digital de mulheres no DF.
O estudo trás dados sobre casos de estelionato sentimental registrados no DF. Os crimes, que ficaram muito conhecidos como “golpe do Don Juan”, muitas vezes combina o uso de redes sociais com a prática de estelionato. No entanto, o golpe também é aplicado de forma presencial.
As vítimas geralmente são pessoas em situação de vulnerabilidade emocional, que são ludibriadas a acreditar que estão em um relacionamento com o golpista, que se faz passar por um interesse romântico da vítima.
Em um dos casos analisados pela pesquisa, por exemplo, uma única vítima perdeu R$ 792 mil no golpe. O estudo analisou um total de 39 casos, registrados entre os anos de 2019 e 2020, e confirmou o crescimento no número de crimes, que representam uma modalidade de violência patrimonial principalmente contra mulheres.
Segundo a pesquisa, as vítimas são principalmente brancas (53,8%), com idades que variam entre 25 e 44 anos (65%) e predominantemente moradoras de bairros considerados de classe média alta (62,9%). Outro dado é que as vítimas, em geral, recebem mais de três salários mínimos como renda mensal (59%).
A pesquisa também revelou que 30,8% dos golpistas já tinham passagem criminal. Os dados ainda revelam que na grande maioria dos casos (mais de 60%), o crime se da através do controle abusivo das finanças, quando o agressor passa a controlar a vida financeira da vítima.
Em quase 50% dos casos, os golpistas conseguem convencer as vítimas a transferir a titularidade de bens, como imóveis e veículos, ou entrega de dinheiros. Em mais de 20% dos casos, houve a falsificação de assinaturas em documentos.
Um problema revelado pela pesquisa é que a maioria das vítimas não denuncia os crimes. Além disso, dentre os casos denunciados, poucos levam a condenação dos agressores. Das vítimas que denunciaram, 66,7% pediram medidas protetivas, mas apenas 33,3% conseguiram.