A eleição do cardeal norte-americano Robert Francis Prevost como Papa Leão XIV despertou não apenas interesse global, mas também conexões afetivas em territórios brasileiros.
Belo Horizonte e sua região metropolitana, por exemplo, têm laços com o novo pontífice que remontam a duas visitas marcantes feitas por ele nos anos de 2004 e 2012, quando atuava como superior da Ordem de Santo Agostinho.
Robert Prevost, à direita de camisa clara, em BH na festa dos 70 anos do Colégio Santo Agostinho, em 2004 — Foto: Colégio Santo Agostinho
Nessas ocasiões, Prevost participou de celebrações e compromissos pastorais com os frades agostinianos, consolidando uma relação de proximidade com comunidades católicas locais.
Em sua primeira passagem pela capital mineira, Prevost esteve presente na comemoração dos 70 anos do Colégio Santo Agostinho, uma das instituições mais tradicionais da cidade.
Prevost na solenidade em comemoração dos 70 anos do Colégio Santo Agostinho — Foto: Arquivo Padres Agostinianos
Já em 2012, retornou ao Brasil para participar de uma visita pastoral em Mário Campos, na Região Metropolitana, onde presidiu cerimônias religiosas como a profissão dos votos de novos membros da ordem.
Durante essa visita, também esteve em diversas instituições religiosas de Belo Horizonte, incluindo paróquias e fraternidades ligadas à espiritualidade agostiniana.
Relatos de religiosos que conviveram com ele, como o frei Paulo Gabriel, ajudam a compor um perfil mais próximo do novo papa. Descrito como um homem de forte formação teológica, discreto em seus gestos e comprometido com os valores evangélicos, Leão XIV é visto como continuidade da proposta pastoral iniciada por Francisco, mas com um estilo mais reservado.
Robert Francis Prevost, o Leão XIV (ao centro), sucessor de Francisco, em visita a Mário Campos, em 2012. — Foto: Arquivo Padres Agostinianos
Sua nomeação como bispo no Peru, promovida por Francisco, foi interpretada como parte de um esforço para equilibrar forças dentro da Igreja, especialmente frente a correntes mais tradicionalistas.
A expectativa, segundo frei Paulo, é de que o novo pontífice mantenha o foco em uma Igreja voltada ao diálogo inter-religioso e à inclusão dos mais pobres, mas com um tom menos expansivo que o de seu antecessor.
Robert Prevost (centro) em visita a Minas Gerais — Foto: Arquivo Padres Agostinianos
Essa abordagem pode facilitar a mediação entre diferentes vertentes dentro da Igreja, num momento em que a unidade se mostra um desafio crescente. O histórico de Leão XIV com o Brasil, especialmente com Minas Gerais, traz um aspecto simbólico importante.
Tais visitas acabam revelando seu envolvimento direto com comunidades fora dos grandes centros do poder eclesiástico e reforçando sua vocação pastoral centrada na escuta e no serviço.
