No início dos anos 2000, uma promessa de lucro fácil com a criação de avestruzes atraiu milhares de pessoas no Brasil e no exterior. O que parecia ser um negócio inovador revelou-se uma das maiores fraudes financeiras do país, com prejuízos que ultrapassaram R$ 1 bilhão. Entre os lesados estava Luisão, pai do ator Paulo Vieira.
O caso, que chocou o país, ganhou novo fôlego com a série Pablo e Luisão, da TV Globo, baseada em fatos reais. A produção transforma o drama vivido por milhares em uma comédia, revelando os bastidores do golpe que ficou conhecido como “pirâmide de avestruz”.
“Pirâmide de Avestruz. Só Pablo e Luisão são capazes de cair num golpe tão com cara de golpe igual a esse”, comentou Paulo Vieira nas redes sociais, em tom bem-humorado, ao divulgar uma cena da série disponível no Globoplay.
A empresa por trás do golpe era a Avestruz Master, que operava com mais de 40 fazendas espalhadas pelo Brasil e grande presença no mercado financeiro. Ela oferecia altos rendimentos mensais para quem investisse na compra e venda de filhotes de avestruz.
O modelo de operação consistia na venda de “cotas” de aves. Os investidores acreditavam que obteriam lucros com a criação e revenda desses animais, com promessa de retorno garantido.
Porém, os pagamentos eram realizados com o dinheiro de novos aplicadores, uma clássica pirâmide financeira. A empresa ainda oferecia cédulas de crédito rural e contratos de investimento simulando a venda das aves, com retorno mensal estimado em 11%.
Em 2005, o Ministério Público Federal identificou diversas fraudes, como a venda de aves em quantidade superior à que realmente existia. No ano seguinte, após denúncias do MPF de Goiás, as atividades da Avestruz Master foram encerradas.
As acusações incluíam crimes contra o sistema financeiro, a economia popular e as relações de consumo. Em 2010, os réus foram condenados em primeira instância.
Três ex-diretores da empresa receberam penas de 12 e 13 anos de prisão, além da obrigação de ressarcir os investidores em R$ 100 milhões. No entanto, em 2013, decisões judiciais acabaram retirando a obrigação de indenização, deixando milhares de vítimas sem recuperar o dinheiro investido. Já em 2019, em regime semiaberto, os envolvidos tiveram suas penas definidas pela Justiça Federal.
O caso segue como um dos maiores alertas sobre os riscos de investimentos com promessas irreais. A história da “pirâmide dos avestruzes” agora é contada com humor na TV, mas carrega as cicatrizes de milhares que perderam suas economias.