Os relatos sobre o falecimento de Isabela Dourado, uma criança de 4 anos, são permeados por uma sucessão de eventos assustadores e angustiantes. No momento em que ocorreu uma parada cardíaca, a menina estava aos cuidados de seu padrasto, Igor Fernandes Pereira Ayres, de 22 anos.
O laudo preliminar sobre as possíveis causas da morte de Isabela mostra uma lesão abdominal e marcas compatíveis com abuso. Durante um período que excedeu oito minutos, a instrutora da academia se empenhou em realizar massagens cardíacas na tentativa de reanimá-la.
A academia fica localizada em frente ao edifício onde ocorreu o falecimento da criança. A instrutora ficou aguardando a chegada dos socorristas do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).
Ela recorda vividamente os eventos daquela segunda-feira, dia 5 de fevereiro. A professora optou por não ter seu nome divulgado e fez o seguinte relato:
“Eu estava aqui quando chegou uma mulher que se identificava como a madrasta deste Igor, ela disse que tinha uma criança passando mal e que precisava de ajuda”, contou a mulher.
Ainda segundo o relato da professora, ela teria corrido até o cômodo onde Isabela estava e realizou manobras cardíacas na criança na tentativa de manter as chances de a pequena sobreviver.
Quando os socorristas chegaram no local, a professora teria deixado o quarto onde a vítima estava e notou que o apartamento estava bagunçado, com caixas e desorganizado.
Segundo uma testemunha que trabalha em uma loja perto da residência onde a menina viveu seus últimos momentos de vida, declarou que o casal e a criança haviam se mudado para o apartamento a menos de um mês.
A professora que correu para tentar ajudar a menina notou marcas arroxeadas ao lado do olho da vítima, ao questionar o padrasto de Isabela sobre as manchas, ele teria afirmado que a enteada teve conjuntivite o que teria deixado as marcas.
A comunidade local está muito abalada e revoltada com o suposto crime. Durante uma das conversas com os vizinhos, foram mencionados relatos sobre a criança chorando durante o fim de semana, contudo, ninguém pôde confirmar quem exatamente ouviu esses lamentos.
De acordo com relatos dos moradores à polícia, era comum ouvir a menina gritar e chorar quando estava sozinha com o indivíduo detido, de 22 anos.
Como teria ocorrido a morte
Conforme apurado pelas investigações, a criança entrou em parada cardíaca após alegadamente ser vítima de abuso, resultando em seu falecimento.
Durante o atendimento prestado à vítima, um membro da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) informou aos policiais militares chamados para intervir na ocorrência que a criança exibia sinais indicativos de abuso em suas partes íntimas.
Segundo informações registradas no boletim de ocorrência, lavrado pelas autoridades competentes, Igor e a mãe da criança mantinham um relacionamento há nove meses.
Em agosto de 2023, tanto a criança quanto a mãe se mudaram do Rio Grande do Sul para o Distrito Federal. Igor, que frequentava a faculdade e não possuía emprego, recebia pensão alimentícia do pai. Não há registros de antecedentes criminais no DF.
Na delegacia da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), o suspeito relatou ter escutado um ruído vindo do quarto e, ao se dirigir para investigar o ocorrido, deparou-se com a criança debatendo-se e apresentando espuma na boca.
O caso segue sob investigação.