A tentativa de interferência na transição de poder em 2022 revelou divisões dentro das Forças Armadas e expôs figuras centrais, como o general Valério Stumpf Trindade, a ataques severos. Stumpf, que ocupava o cargo de chefe do Estado-Maior do Exército na época, tornou-se alvo de militantes radicais e comunicadores que buscavam pressionar militares a apoiarem um plano de golpe de Estado.
Sua defesa da democracia e alinhamento com os princípios institucionais geraram acusações e perseguições, inclusive à sua família, em um cenário que testou os limites da estabilidade democrática no Brasil.
Stumpf foi criticado por civis e militares radicais que o viam como um “informante” do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Conversas obtidas pela Polícia Federal mostram que influenciadores criaram campanhas nas redes sociais para desacreditá-lo.
Expressões como “estabilidade institucional” e “impossibilidade de ruptura democrática”, ditas pelo general, foram distorcidas e usadas como munição contra ele.
Uma postagem emblemática o chamava de “general melancia”, sugerindo que era comunista disfarçado de militar, e incluía outros generais em uma lista de “traidores da pátria” por supostamente se oporem ao plano golpista.
Entre os alvos da mesma campanha estavam generais de diferentes comandos regionais e áreas estratégicas do Exército, que também defenderam a continuidade democrática.
Os nomes citados incluem Richard Nunes, Tomás Ribeiro Paiva, André Luís Novaes Miranda e Guido Amin Naves. Esses militares, como Stumpf, reafirmaram seu compromisso com o fortalecimento das instituições e a transição de poder.
Stumpf, em declarações recentes, reforçou que todas as suas ações foram realizadas com a anuência do Alto-Comando do Exército, liderado à época pelo general Freire Gomes.
Ele destacou as medidas propostas ao TSE, como a ampliação de testes de integridade das urnas com biometria, como uma conquista para a credibilidade do processo eleitoral. O general defendeu que preservar a democracia e fortalecer a confiança no sistema eletrônico de votação foram seus objetivos principais.
Os ataques sofridos por Stumpf evidenciam os desafios enfrentados por lideranças comprometidas com a ordem constitucional, especialmente em contextos de polarização.
O episódio reforça a importância de garantir que o Exército permaneça uma instituição voltada à proteção do Estado democrático de direito, acima de pressões ideológicas ou radicais.