A Polícia Civil do Rio Grande do Sul revelou uma nova descoberta chocante no caso do bolo envenenado de Torres. Paulo Luiz dos Anjos, sogro da principal suspeita Deise Moura dos Anjos, foi confirmado como mais uma vítima de envenenamento por arsênio, desta vez através de leite em pó contaminado. A confirmação veio após exames realizados no corpo da vítima, que faleceu em setembro de 2024.
Análises laboratoriais revelaram uma concentração alarmante de arsênio no organismo de Paulo Luiz – aproximadamente 264 miligramas, configurando a segunda maior quantidade encontrada entre as quatro vítimas fatais. A descoberta amplia significativamente a dimensão do caso, que inicialmente estava centrado nos envenenamentos ocorridos durante uma reunião familiar no Natal de 2024.
O arsênio, segundo explicações da Diretora Geral do IGP do Rio Grande do Sul, Marguet Mittmann, é uma substância metálica que apresenta características peculiares que facilitam seu uso criminoso.
Por ser um pó branco sem odor ou sabor, pode ser facilmente misturado a alimentos sem deixar vestígios perceptíveis. As investigações apontam para um possível motivo surpreendentemente trivial para os crimes.
A polícia descobriu que Deise guardava ressentimentos contra a família do marido devido a uma dívida de R$ 600,00, que, mesmo tendo sido paga rapidamente, aparentemente deixou marcas profundas em seu relacionamento com os familiares.
A suspeita encontra-se em prisão preventiva desde 5 de janeiro, respondendo por acusações graves de triplo homicídio duplamente qualificado e três tentativas de homicídio. O caso ganhou o nome de “Operação Acqua Toffana”, em referência ao uso histórico do arsênio como veneno no século XX.
“Provas colhidas indicam que Deise não sairá da cadeia nessa vida”, declarou o delegado Heraldo Chaves Guerreiro, sub chefe de polícia civil do RS. O delegado Marcos Veloso, responsável pela investigação, anunciou que todas as mortes por intoxicação no círculo social de Deise serão minuciosamente investigadas.
O secretário de segurança Sandro Caron anunciou mudanças nos procedimentos de investigação de mortes por intoxicação no estado. A Polícia Civil está solicitando ao Governo Federal medidas mais rigorosas para controlar o acesso a substâncias como o arsênio, visando prevenir casos semelhantes no futuro.
A descoberta do envenenamento do sogro adiciona uma nova camada de complexidade ao caso, sugerindo que os crimes podem ter começado meses antes do incidente do bolo de Natal. As autoridades agora concentram esforços em identificar possíveis vítimas anteriores, expandindo significativamente o escopo da investigação em curso.
