Durante uma das fases mais impactantes do Miss Mundo 2025, a representante da Somália, Zainab Jama, comoveu o público e os jurados ao compartilhar uma história pessoal marcada por dor e superação.
Em um discurso forte e emotivo, a jovem de 23 anos revelou ter sido vítima de mutilação genital feminina (MGF) aos sete anos de idade. A brutalidade vividas por estas crianças ainda é rotineiro naquela região do mundo.
O relato comovente não apenas expôs uma realidade cruel vivida por milhões de meninas ao redor do mundo, como também deu novo significado à etapa do concurso dedicada ao projeto “Beleza com Propósito”.
Zainab contou que foi levada por três mulheres sem qualquer preparo médico, submetida a um procedimento com uma lâmina, sem anestesia ou higiene adequada, e depois mantida isolada, com as pernas amarradas, em um quarto escuro por vários dias.
Em meio às lágrimas, relembrou que suas súplicas foram ignoradas e que lhe disseram para aceitar o sofrimento como uma prova de coragem. A experiência, segundo ela, marcou o fim precoce de sua infância e o início de uma jornada de resiliência.
Transformando o trauma em ação, Zainab fundou a Female Initiative Foundation, organização dedicada à erradicação da mutilação genital por meio da educação e da promoção de alternativas culturais às práticas tradicionais.
A iniciativa, além de atuar em comunidades na Somália, já chegou a outros países como as Filipinas, consolidando parcerias com instituições locais. O projeto, escolhido para representar no concurso, é também sua maior motivação para estar no Miss Mundo, conforme afirmou em sua apresentação.
Apesar de proibida pela constituição provisória da Somália desde 2012, a MGF ainda é amplamente praticada no país. Estima-se que cerca de 99% das mulheres somalis entre 15 e 49 anos tenham sido submetidas ao procedimento, reflexo de normas culturais e sociais profundamente enraizadas e de uma fiscalização praticamente inexistente.
A participação de Zainab no concurso internacional não apenas amplia o alcance de sua mensagem, mas também joga luz sobre uma violação persistente dos direitos humanos que afeta milhões de meninas.
Sua presença no palco representa não apenas beleza, mas coragem, ativismo e esperança por um futuro em que tradições nocivas sejam substituídas por escolhas conscientes e seguras.
