Antônio Luiz Macedo, cirurgião responsável por cinco intervenções no ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o atendimento emergencial após o atentado de 2018, afirmou ter sido removido do grupo médico atual por decisão de Michelle Bolsonaro.
Em entrevista à imprensa, o especialista em aparelho digestivo expressou frustração ao sentir que sua trajetória ao lado do ex-chefe de Estado foi subestimada.
Macedo, que acompanhava Bolsonaro desde a facada em Juiz de Fora (MG), revelou que a mudança ocorreu durante a última crise de saúde, quando o ex-presidente foi internado no Rio Grande do Norte.
Contatado na madrugada de sexta-feira, dia 11 de abril, por Gilson Machado, ex-ministro do Turismo, o médico orientou o uso de medicamentos e se dispôs a viajar para Natal.
No entanto, a família optou por transferir o paciente para Brasília, onde uma nova equipe, liderada por Cláudio Birolini, assumiu o caso. Ao falar sobre o assunto, o médico acredita ser interferência da esposa do ex-presidente.
“Mas, desta vez, não sei se é coisa da dona Michelle, mas provavelmente é coisa da esposa e ela resolveu chamar um outro grupo para atendê-lo”, declarou, em suas falas.
O cirurgião atribuiu a decisão a Michelle Bolsonaro, sugerindo que a desconfiança em relação a seu trabalho surgiu após a morte da deputada Amália Barros (PL-MT), submetida a uma cirurgia pancreática sob sua responsabilidade em maio de 2024.
Aliados do ex-presidente confirmaram que a ex-primeira-dama e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) apoiaram a troca de profissionais, priorizando especialistas no Distrito Federal.
Macedo destacou que nunca cobrou pelas intervenções realizadas e que o único obstáculo era a impossibilidade de permanecer longos períodos em Brasília. O médico ressaltou a importância do histórico médico, do qual detém registros desde 2018, incluindo a reversão de uma colostomia.
Ao ser questionado sobre ingratidão, Macedo evitou o termo, mas admitiu sentir que sua contribuição foi menosprezada e que se sentiu desvalorizado com a forma que tudo ocorreu.
Apesar disso, ele desejou sucesso à nova equipe, embora tenha questionado a alegação de que a transferência para São Paulo seria inviável, pois sempre teve resultados positivos com o ex-presidente na capital paulista.
Enquanto Birolini assumiu a comunicação oficial sobre o estado de Bolsonaro, Macedo manteve-se à margem, limitando-se a relatar sua versão publicamente. A família do ex-presidente não se manifestou sobre as declarações, mantendo o foco na recuperação.