A perda de artistas fundamentais no cenário da música brasileira sempre provoca uma onda de comoção e reflexão sobre o legado deixado. O samba, expressão cultural enraizada nas tradições populares, é um desses campos onde figuras discretas, porém impactantes, moldaram gerações de admiradores e novos músicos.
A influência dessas personalidades vai muito além das apresentações públicas, alcançando a formação de repertórios, a preservação de composições esquecidas e a valorização de autores anônimos.
Neste domingo de Páscoa (20), a cantora e compositora Cristina Buarque faleceu aos 74 anos, após um ano de luta contra um câncer de mama que infelizmente vem afetando milhares de mulheres em todo o Brasil.
A artista, que construiu uma carreira sólida longe dos holofotes, era filha do historiador Sérgio Buarque de Hollanda e da pianista Maria Amélia Buarque de Hollanda, além de irmã de nomes consagrados como Chico Buarque, Miúcha e Ana de Hollanda.
Nascida em São Paulo em 1950, Cristina gravou seu primeiro sucesso, “Quantas Lágrimas”, em 1974, destacando-se como uma conhecedora profunda do samba. Sua trajetória sempre foi marcada pela busca genuína pelas raízes musicais brasileiras, sem se aproveitar da fama dos irmãos.
Moradora da Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, Cristina organizava rodas de samba que se tornaram referência. Com seu jeito bem-humorado e sua paixão pelo gênero, conquistou respeito entre colegas e formou gerações, sendo inspiração para artistas como Marisa Monte e Mônica Salmaso.
Sua postura firme e seu amor pelo samba a tornaram uma figura central em espaços como o Bip Bip, em Copacabana, onde era tratada como verdadeira guardiã da música popular brasileira.
A morte de Cristina deixa um vazio imenso entre familiares, amigos e amantes do samba. Sua vida foi dedicada a manter viva a essência do gênero, desafiando modismos e defendendo a integridade artística.
Sua trajetória serve como lembrança da importância de preservar e valorizar as tradições musicais, reforçando o papel vital de quem atua nos bastidores para manter a cultura viva e pulsante para as futuras gerações.