A polícia civil de Goiás recebeu uma denúncia, no mínimo, inusitada no último dia 28 de fevereiro. O caso envolveu um consumidor frustrado pelos serviços prestados por um… traficante.
O homem procurou a polícia para denunciar um traficante depois de pagar R$210, por 30gr de maconha, e não receber o produto. A polícia prosseguiu com as investigações e, recentemente, o homem foi intimado a depor.
Para registrar o boletim de ocorrência, o homem chegou a citar a jurisprudência criada pelo Supremo Tribunal Federal para defender que comprar droga não é crime. O homem reforçou, em depoimento, que o traficante agiu de “má-fé”.
“Esse rapaz agiu de má-fé. Eu fiz os devidos repasses dos valores conversados e ele não me respondeu mais no Whatsapp, nem fez a entrega do negociado, apesar de ilícito”, declarou.
Ainda em depoimento à polícia, o homem alegou que faz uso medicinal da droga e afirmou ter sido prejudicado pela ação do criminoso. O homem ainda fez questão de defender os usuários recreativos da maconha.
“Estou fazendo o boletim de ocorrência para fins de averiguação desse sujeito criminoso que tem passado a perna em cidadãos que fazem o uso recreativo da cannabis, e que por vezes precisam dela para fatores médicos, como é o meu caso”, afirmou a “vítima”.
Procurado pelo UOL, o delegado que registrou a ocorrência afirmou que esta é a primeira vez que viu algo parecido, depois de 15 anos de experiência, e classificou a situação como “inacreditável”.
O delegado ainda explicou que o homem pode responder por falsa comunicação de crime. Isso porque o objetivo da negociação era um ilícito, isto é, uma droga, e portanto a polícia não pode agir como garantidora do direito do denunciante em receber o ilícito.
