No interior do Mato Grosso do Sul, o convívio entre o ser humano e a natureza selvagem pode, por vezes, assumir contornos trágicos ou heroicos. Regiões de mata densa e ribeirões, habitat natural de grandes felinos como a onça-pintada, guardam histórias que mesclam coragem, sofrimento e, ocasionalmente, morte.
O recente ataque fatal sofrido por Jorge Avalo, de 60 anos, morto por uma onça no último dia 22 de abril em Touro Morto, reacendeu lembranças amargas em quem já enfrentou a fúria desse predador.
Anderson Guedes, pescador e criador de conteúdo da região, compartilhou nas redes sociais sua própria experiência traumática, ocorrida há 16 anos. Em um vídeo, ele narrou com detalhes o momento em que foi surpreendido por uma onça enquanto pescava à beira de um barranco.
A calmaria abrupta da mata, o silêncio dos pássaros e os movimentos frenéticos dos macacos foram os sinais que antecederam o ataque. Em instantes, o animal saltou sobre ele, mordendo sua cabeça e mãos.
Durante a luta desesperada, Guedes teve parte dos dedos dilacerados e o couro cabeludo parcialmente arrancado. A presença de uma faca ao seu lado foi o que lhe deu uma chance de sobreviver.
Tentando atingir o felino entre as costelas, ele relatou que, após sucessivas tentativas, conseguiu feri-lo gravemente. O animal recuou e fugiu, deixando-o gravemente ferido.
Socorrido rapidamente por amigos, o pescador foi levado a um hospital público, onde recebeu atendimento emergencial. Os ferimentos exigiram mais de mil pontos pelo corpo e até procedimentos cirúrgicos nos dedos afetados.
O episódio, embora extremo, reforça o alerta sobre a imprevisibilidade de encontros com animais selvagens em áreas de preservação ou pouco frequentadas. Veja a partir dos 6 minutos do vídeo abaixo o relato do ataque da onça pintada:
Casos como o de Anderson e Jorge reforçam a necessidade de medidas de prevenção para quem frequenta regiões de mata, como trilheiros, pescadores e trabalhadores rurais.
O uso de guias, o respeito à distância segura da fauna e a adoção de equipamentos de proteção podem ser fundamentais para evitar novos ataques e garantir a segurança em áreas de convivência com a vida selvagem. Vale ressaltar que ataques de felinos a humanos é extremamente raro.