O recente cancelamento dos voos da Voepass na rota entre Fortaleza, Fernando de Noronha e Natal chamou a atenção após um trágico acidente aéreo em Vinhedo, São Paulo, que resultou em 62 mortes.
A empresa justificou a suspensão dos voos como uma medida de “contingenciamento da operação” após o incidente envolvendo uma de suas aeronaves, o ATR-72. No entanto, uma denúncia prévia de um funcionário levanta preocupações sobre a manutenção das aeronaves da companhia, em especial do turboélice ATR-42, utilizado na rota mencionada.
Segundo a denúncia, o ATR-42, com capacidade para 48 passageiros, apresentava falhas críticas de manutenção, incluindo um rasgo no sistema de proteção contra congelamento da asa.
Este sistema é vital para a segurança do voo, pois impede a formação de gelo que pode comprometer a sustentação da aeronave. Fotos anexadas à denúncia evidenciam danos no sistema de descongelamento, considerado um item crucial para decolagens seguras.
O relato destaca que a aeronave precisou desviar de áreas propensas à formação de gelo, demonstrando a gravidade das avarias. Além disso, outros problemas estruturais foram mencionados na denúncia, como um freio avariado e um pneu com uma bolha de 6 cm de espessura, o que aumenta o risco de ruptura durante pousos.
A porta da aeronave também apresentava um vão significativo, permitindo a passagem de uma mão, indicando falhas de vedação. Esses relatos vieram à tona após o acidente com o ATR-72, trazendo à luz possíveis negligências na manutenção dos aviões da companhia.
De acordo com a reportagem, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) já havia interditado a aeronave PR-PDS em maio, após constatar os problemas relatados. Apesar disso, o avião foi programado para voar novamente em rotas que incluem Recife e Natal, mesmo com os voos cancelados até o final de outubro.
Esta decisão coloca em debate a segurança das operações aéreas e a eficácia das medidas corretivas implementadas pela Voepass. O incidente sublinha a importância da manutenção rigorosa e das inspeções de segurança nas companhias aéreas, especialmente após um acidente fatal.
A situação destaca a necessidade de supervisão contínua por parte das autoridades reguladoras para garantir que as aeronaves estejam em condições adequadas de operação, protegendo passageiros e tripulantes de potenciais riscos.