Casos envolvendo mortes em decorrência de intervenção policial costumam gerar intensos debates sobre segurança pública, abordagem policial e direitos individuais.
Quando essas tragédias envolvem familiares de agentes da própria corporação, as circunstâncias ganham contornos ainda mais dramáticos e complexos, como ocorreu recentemente no litoral paulista.
Na manhã desta última quinta-feira, 24, Raphael Pupo Ranulpho, de 29 anos, foi morto após uma tentativa de abordagem a uma policial militar na Praia Grande. Raphael, que já havia cumprido pena por roubo, abordou a policial, que estava a caminho do trabalho, junto de outro suspeito, ambos em bicicletas.
Segundo o relato da soldado Amanda Karolina de Sales Santos, os dois anunciaram o assalto e um deles teria feito menção de sacar uma arma, o que levou a policial a reagir com disparos de arma de fogo. Raphael foi atingido no tórax e morreu no local.
Durante a ação, o suposto comparsa conseguiu fugir. Ainda de acordo com o depoimento da policial, após ser baleado, Raphael teria pedido socorro, mas a agente afirmou ter “travado” emocionalmente, sendo necessário que moradores da região acionassem a emergência.
O episódio ganhou um desdobramento ainda mais doloroso quando, horas depois, o tenente aposentado da Polícia Militar, Francisco Carlos Ranulpho, reconheceu o próprio filho entre as imagens da ocorrência compartilhadas em um grupo de colegas de profissão no WhatsApp.
Sem saber inicialmente da identidade da vítima, a confirmação só veio quase dez horas após o ocorrido, quando o pai se dirigiu à Central de Polícia Judiciária.
O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial e será acompanhado pela Corregedoria da PM, conforme protocolo padrão nesses tipos de ocorrência.
A morte de Raphael traz à tona questões delicadas sobre o uso da força, o preparo emocional dos policiais e as consequências que atos impulsivos podem gerar em contextos de alta tensão.
A tragédia evidencia não apenas a realidade violenta que permeia muitos centros urbanos, mas também a complexidade dos desafios enfrentados tanto pelos agentes de segurança quanto pela sociedade civil.
É precis ressaltar a necessidade de políticas públicas que unam combate à criminalidade e fortalecimento dos protocolos de abordagem e assistência psicológica aos envolvidos.