A história por trás do sequestro de um ônibus em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, revela um cenário complexo de sofrimento familiar e batalhas pessoais. Uma mulher, que se identificou apenas como irmã gêmea do sequestrador, compartilhou detalhes dolorosos que precederam o incidente desta terça-feira.
Os sinais de alerta já eram visíveis para a família, especialmente após uma decisão judicial que impediu o homem de ver seu filho de menos de dois anos. O vínculo profundo com a criança e a impossibilidade de manter contato teriam sido gatilhos cruciais para o desequilíbrio emocional do pai.
O drama familiar se intensificou quando, após mais de uma década de recuperação, o homem voltou a enfrentar problemas com dependência química. Esta recaída provocou mudanças significativas em sua vida, incluindo a separação conjugal e a necessidade de buscar abrigo na casa da irmã.
Na véspera do incidente, o comportamento do homem já indicava seu estado de perturbação. “Assim que ele teve a recaída, eles se separaram, e ele foi morar comigo. Ontem à noite, ele estava lá em casa, pegou as coisas dele e falou que estava indo embora”, revelou a irmã.
A situação se agravou quando a mãe da criança começou a rejeitar presentes e impedir as visitas. “Eu via que ele não estava normal. O meu irmão costumava comprar as coisas e levar para o filho, mas depois a mãe passou a não aceitar e não estava mais deixando-o ver a criança”, explicou a irmã. “Eu sabia que ele ia fazer alguma coisa”, disse ainda.
As tentativas legais de manter contato com o filho demonstravam seu desespero. “Ele foi ficando perturbado, com saudade, entrou na Justiça para tentar a guarda”, compartilhou a familiar, evidenciando as diversas tentativas de resolver a situação por vias legais.
A irmã reconhece a complexidade da situação e compreende os receios da ex-companheira em relação às visitas, especialmente após a recaída com as drogas. Este conflito familiar culminou em um ciclo de isolamento e desespero.
As últimas interações com o irmão revelavam seu estado emocional fragilizado, com declarações preocupantes sobre solidão e desesperança. Ele expressava que “não tinha ninguém” e que “ninguém sentiria falta dele”, sinais claros de seu sofrimento psicológico.
A impotência diante da situação é evidente no relato da irmã: “É muito difícil internar alguém sem a pessoa querer. Meu medo era ele chegar a fazer uma loucura, e ele fez. Tudo o que pude fazer para ajudar, eu fiz”, compartilhou, demonstrando o peso da culpa e da preocupação familiar.