O Papa Francisco, falecido em 21 de abril de 2025, não recebia um salário formal durante seu pontificado, conforme sua própria declaração no documentário “Amém: Perguntando ao Papa” (2023). Essa prática, alinhada ao voto de pobreza que fez ao ingressar na Companhia de Jesus, reflete sua ênfase na simplicidade e humildade.
Apesar disso, suas necessidades básicas, como moradia, alimentação, viagens e cuidados médicos, eram totalmente custeadas pelo Vaticano . A tradição de não remunerar o Papa é antiga na Igreja Católica.
Francisco reforçou esse princípio ao renunciar a um suposto salário mensal de US$ 32.000, destinando esses recursos a causas sociais, como o fundo Peter’s Pence, usado para ajudar comunidades carentes, como no México, onde doou meio milhão de dólares.
O Papa administrava o Óbolo de São Pedro, um fundo alimentado por doações globais de fiéis, que arrecadou cerca de € 48,4 milhões em 2023. Esse recurso era utilizado para projetos sociais e emergências, como auxílio a refugiados e vítimas de desastres.
Todas as despesas pessoais do pontífice eram cobertas pela Santa Sé, incluindo moradia no Palácio Apostólico, alimentação e viagens pastorais. Além disso, ele tinha acesso a veículos oficiais e serviços médicos de alta complexidade, como demonstrado durante suas internações no Hospital Gemelli.
A Santa Sé enfrenta desafios econômicos, com um déficit de € 83 milhões em 2023, agravado pela queda nas doações e custos operacionais crescentes. Para equilibrar as contas, Francisco implementou medidas como cortes de 10% nos salários de cardeais (reduzindo-os para € 5.000 mensais) e a cobrança de aluguel de imóveis ocupados por membros da Cúria.
O Vaticano possui um patrimônio estimado em € 4 bilhões, incluindo imóveis e investimentos, mas enfrenta críticas por falta de transparência. Recentes esforços, como a política de investimentos alinhada à doutrina social da Igreja (excluindo setores como armas ou pornografia), buscam melhorar a gestão financeira.
A decisão de Francisco de não receber salário simboliza sua postura contra o materialismo, mas também evidencia paradoxos: enquanto ele vivia modestamente, a Igreja Católica mantém uma riqueza histórica, com ativos como os Museus Vaticanos (que geram € 101,7 milhões anuais em turismo).