O litoral de Santa Catarina, conhecido por sua beleza natural, enfrentou em janeiro de 2025 um dos episódios mais intensos de chuvas em sua história recente. O evento climático, marcado por volumes extremos de precipitação, trouxe à memória episódios semelhantes registrados em 1995 e 2018, evidenciando os desafios impostos pelos fenômenos meteorológicos na região.
Segundo o professor de meteorologia do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), Mário Quadro, as condições climáticas típicas do litoral catarinense favorecem a formação dessas tempestades. A circulação marítima, combinada com a barreira montanhosa da Serra, faz o ar ascender, contribuindo para a formação de nuvens carregadas.
O calor intenso do verão fornece a energia necessária para amplificar os sistemas, enquanto a umidade reforça o volume de chuva. Esses fatores, aliados à topografia e à sazonalidade, explicam a recorrência dos episódios durante o verão. As chuvas de 2025, no entanto, destacaram-se pela intensidade.
Municípios como Biguaçu registraram impressionantes 434,8 mm de precipitação em apenas 48 horas, seguidos por Florianópolis, com 375,6 mm, e São José, com 357,1 mm. Até agora, 13 cidades decretaram situação de emergência devido aos alagamentos, deslizamentos e danos à infraestrutura.
Entre as mais afetadas estão Balneário Camboriú, Ilhota, Palhoça e Porto Belo, onde moradores enfrentam perdas significativas e transtornos generalizados. O professor Mário Quadro também atribui parte da amplificação desses fenômenos ao aquecimento global, que eleva as temperaturas globais e intensifica os sistemas climáticos.
Esse “ingrediente adicional” aumenta a frequência e a magnitude das chamadas “tempestades de verão”, tornando eventos extremos mais comuns e desafiadores. No âmbito científico, esforços estão sendo feitos para aprimorar a previsão de fenômenos climáticos intensos.
O professor aprovou recentemente um projeto junto à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc), que contará com um “mini supercomputador” com mil processadores para simular e testar modelos climáticos.
A expectativa é que os estudos ajudem a melhorar a precisão das previsões e a antecipar eventos críticos como os registrados em 2025. As chuvas severas deste início de ano reforçam a necessidade de ações integradas para lidar com os impactos climáticos, desde investimentos em infraestrutura até o avanço de pesquisas meteorológicas.
O episódio serve como um alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas e a importância de adotar estratégias de mitigação e adaptação para proteger as comunidades vulneráveis.