Após meses afastado dos palcos em decorrência de uma condenação judicial, o humorista Léo Lins retornou às apresentações ao vivo com um show realizado no Teatro Gazeta, em São Paulo, na noite de quinta-feira, 19 de junho.
A sessão, que reuniu 720 pessoas, marcou o retorno do comediante às atividades públicas desde que foi sentenciado a oito anos e três meses de prisão por declarações consideradas ofensivas a diversos grupos sociais.
Durante o espetáculo, Léo Lins abordou abertamente os processos judiciais em que se envolveu, incluindo um episódio de 2019 envolvendo a cantora Preta Gil. Na ocasião, o humorista chamou a cantora de “porca”, o que resultou em processo movido pela artista.
No palco, ele retomou o tema em tom sarcástico, provocando reações polêmicas do público, especialmente ao fazer alusões a questões de saúde enfrentadas pela cantora após o início do processo judicial. E voltou a fazer chacota sobre Preta Gil:
“A Preta Gil veio me processar por causa de uma piada de anos atrás. Três meses depois que chegou o processo, ela apareceu com câncer. Bom, parece que Deus tem um favorito. Acho que ele gostou da piada. E pelo menos ela vai emagrecer”, disse ele, de acordo com o portal Globo.
Para evitar novas implicações legais, a equipe de Léo Lins adotou medidas restritivas, como a proibição do uso de celulares durante o show. Os aparelhos dos espectadores foram lacrados ao início do evento, numa tentativa de impedir o registro ou vazamento do conteúdo apresentado.
A decisão reflete a cautela do humorista e de seus advogados diante do histórico recente. A condenação que afastou Léo dos palcos foi relacionada à exibição do show intitulado “Perturbador”, gravado em 2022 e divulgado no YouTube.
No vídeo, o comediante fez comentários considerados discriminatórios contra uma ampla gama de grupos, incluindo negros, pessoas com deficiência, homossexuais, indígenas, judeus, evangélicos e moradores do Nordeste.
A Justiça Federal destacou tanto o número de grupos ofendidos quanto a ampla repercussão do vídeo, que acumulava mais de três milhões de visualizações até ser removido por determinação judicial em agosto de 2023.
O caso reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão no humor, especialmente em contextos públicos de grande alcance. A retomada da carreira de Léo Lins, apesar da sentença, evidencia as tensões entre a responsabilidade social do discurso e a provocação como recurso artístico.