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Com câncer terminal, mãe escreve bilhetes para a filha abrir ao longo da vida

Heather McManamy deixou diversos bilhetes para a filha, como forma de se fazer presente na vida da menina.

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Heather McManamy, é uma mulher americana, de 35 anos, que foi diagnosticada com câncer de mama em 2013. Dois anos depois, o câncer se espalhou para o fígado e para os ossos de Heather, tornando-se irreversível. Essa mulher sabia que sua vida não seria muito mais longa, mas, ela queria se fazer presente de alguma forma na vida de sua filha, Brianna, que na ocasião era só um bebê. Juntamente com seu esposo, Jeff McManamy, ela planejou tudo para quando não estivesse mais presente.

Heather decidiu deixar para sua filha uma caixa de memória, com diversas mensagens. Ela deixou bilhetes escritos para Brianna, para que a menina se sentisse mais próxima de sua mãe, nos momentos difíceis ou especiais. Ela deixou mensagens de aniversário, formatura, casamento, tem mensagens também para situações cotidianas, dia das mães e também uma carta de despedida. Ela conta que não foi nada fácil essa etapa: “Isso me dá uma sensação de controle sobre algo que nenhum de nós tem controle”, disse a mãe ao “Buzzfeed”.

Heather contou que se sentiu feliz por ter tido tempo de planejar tudo. “A maioria das pessoas simplesmente morre e é isso”, explicou ela. “Recebi a dádiva de ter tempo para me preparar. Para fazer o que puder para tornar isso mais fácil para a minha família.”

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Heather explicou, que a filha Brianna poderá escolher se abrirá as mensagens, ou não. Mas que elas estarão sempre lá, caso ela sinta vontade de vê-las. Ela espera que compartilhando sua história, ela consiga despertar as pessoas, lembra-los que a vida é frágil, e incentivá-los a ‘comprar um cartão ou dois’ para demonstrar aos familiares a importância que eles têm.

Confira a carta de despedida de Heather\n\n“Então… tenho boas e más notícias. A má notícia é que, aparentemente, estou morta. A boa é que, se você está lendo isso, você com certeza não está (a não ser que tenha wifi no além). Concordo, é uma droga. É uma droga sem tamanho, mas me sinto muito feliz por ter vivido uma vida tão repleta de amor, alegria e amigos incríveis. Tenho sorte em poder dizer, com toda sinceridade, que tenho zero arrependimentos e que gastei todas as minhas energias tentando viver a vida ao máximo. Eu amo todos vocês e agradeço a cada um por ter dividido comigo momentos maravilhosos.

Qualquer que seja a sua religião, eu fico feliz que ela te traga algum consolo. Mas peço que você respeite o fato de nós não sermos religiosos. Então, por favor, não diga a Brianna que estou no céu. Na cabecinha dela, isso significa que eu escolhi estar em outro lugar, que eu a deixei. Na verdade, eu fiz tudo o que pude para ficar junto dela e não há nenhum, NENHUM outro lugar em que eu preferiria estar do que ao lado dela e de Jeff. Por favor, não a confundam, não a façam pensar, nem por um segundo, que isso talvez possa não ser verdade. Porque eu não estou no céu. Estou aqui. Só não estou nesta porcaria de corpo que se virou contra mim. Minha energia, meu amor, meu riso, e todas aquelas lembranças incríveis, está tudo aqui com vocês.

Por favor, não se lembre de mim com pena ou com tristeza. Sorria, sabendo o tanto que nós nos divertimos juntos, sabendo que o tempo que passamos juntos foi maravilhoso. Eu detesto deixar as pessoas tristes. Mais do que qualquer coisa, eu adoro fazer as pessoas rirem. Então, por favor, ao invés de ficar remoendo a tragédia da minha morte, ria das lembranças que criamos juntos e do quanto a gente se divertiu.

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Por favor, conte histórias para a Brianna, para que ela saiba o quanto eu a amo e como sempre vou me orgulhar dela (e me faça parecer muito, mas muito mais legal do que sou). Porque não há nada na vida que eu ame mais do que ser a mãe dela. Nada. Cada momento que eu passei com ela foi uma felicidade que eu não imaginava existir até que ela aterrissou na minha vida.

E não diga que eu perdi a batalha contra o câncer. Porque o câncer pode ter tirado tudo de mim, mas ele não tirou o meu amor, minha esperança ou a minha alegria. Não foi uma batalha, foi simplesmente a vida. Muitas vezes ela é brutal e injusta, e é assim que as coisas são. Eu não perdi, caramba. Eu considero a forma como vivi com câncer durante anos uma vitória enorme. Por favor, lembre-se disso.

E o mais importante, eu tive a sorte de passar mais de uma década com o amor da minha vida e com o meu melhor amigo, Jeff. Almas gêmeas existem. Cada dia com Jeff ao meu lado foi hilário e repleto de amor. Ele é, com certeza, o melhor marido do universo. Durante toda essa porcaria de câncer, ele nunca titubeou, mesmo naqueles momentos em que a maioria das pessoas iria querer fugir. Mesmo nos piores dias imagináveis, encontramos uma forma de rir juntos. Eu o amo mais do que a própria vida e acredito sinceramente que esse amor, de tão especial, só pode ser eterno.

O tempo é o que há de mais precioso neste mundo, e eu sou muito grata por ter compartilhado tantos anos da minha vida com Jeff. Eu te amo. E eu acredito que a nossa filha é uma encarnação desse amor. Só de pensar que vou ter que me despedir de vocês, isso parte o meu coração. E se a sua tristeza for a metade da minha, meu coração se parte de novo, porque a última coisa que eu quero nesta vida é fazer vocês sofrerem.\n\nEu espero que, com o tempo, vocês possam pensar em mim com um sorriso porque, putz, tivemos uma vida incrível. Então pesquisem aí o “Physicist’s Eulogy” no Google e saibam que é um fato científico: eu sempre vou estar com vocês. Eu sei que, se vocês pararem e prestarem atenção, vou estar aí (da forma menos assustadora possível). Vocês são o meu mundo e não há palavras que descrevam o quanto eu amei cada instante que passamos juntos.

Amigos, eu amo todos vocês e agradeço a cada um por uma vida inacreditável. E obrigada a todos os médicos e enfermeiros maravilhosos que cuidaram tão bem de mim. Eu não duvido que a minha equipe médica fez tudo o que pôde. Do fundo do meu coração, eu desejo a todos vocês uma vida longa e saudável, e eu espero que vocês possam sentir a mesma gratidão que eu sinto por cada dia vivido. Se você for ao meu enterro, por favor certifique-se de que a conta do bar esteja à altura da ocasião. Liga o som, toca “Keg on My Coffin” (Barril de cerveja no meu caixão) e dance em cima da mesa (em algum momento é bom que haja alguém dançando).

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Celebre a beleza da vida com uma festa de arromba porque é isso que eu gostaria. Eu acredito que, de alguma maneira, eu vou achar um jeito de estar lá também (você sabe que detesto perder uma boa festa). E como eu estou aguardando ansiosa a oportunidade de assombrar todos vocês, na verdade isso não é um adeus, e sim um até breve. Por favor, só faça uma coisa por mim: tire alguns minutos cada dia para celebrar essa aventura frágil e louca da vida. E nunca se esqueça: cada dia importa.”

 

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