A saída inesperada de figuras políticas do país, especialmente em momentos de julgamento judicial, levanta questões profundas sobre a relação entre justiça, poder e impunidade.
Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a episódios em que parlamentares enfrentam processos sérios no Supremo Tribunal Federal (STF), e alguns optam por deixar o território nacional em busca de refúgio ou apoio internacional.
O caso mais recente envolve a deputada federal Carla Zambelli, que, segundo relatos de aliados próximos, teria saído do Brasil após uma condenação severa. A decisão de Zambelli de deixar o país veio logo após ser sentenciada pelo STF a mais de 10 anos de prisão, em regime inicialmente fechado.
O processo teve como base sua participação direta em uma invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo de disseminar informações falsas. “Ela não volta mais. Ela não conseguiria segurar a onda de ser presa. Cadeia não é brincadeira”, disse um aliado da parlamentar.
Essa condenação representa uma das penas mais rigorosas impostas a uma figura com mandato parlamentar nos últimos anos. De acordo com pessoas próximas à deputada, ela não pretende retornar, alegando que não suportaria as condições de uma eventual prisão.
Instalada, segundo suas próprias declarações, nos Estados Unidos, Zambelli já iniciou uma série de entrevistas a veículos partidários, adotando um discurso de vitimização e comparando-se a outros políticos que se dizem perseguidos por suas posições ideológicas.
Seu destino, ao que tudo indica, seria a Europa, onde busca ampliar seu apoio junto a grupos de afinidade política. Além da condenação já proferida, a deputada ainda enfrenta um segundo processo no STF.
Neste caso, ela é acusada de ter perseguido um eleitor negro, apoiador do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, utilizando uma arma de fogo. O episódio aconteceu na véspera do segundo turno das eleições presidenciais de 2022 e foi documentado em imagens e depoimentos incluídos no processo judicial.
A fuga de Carla Zambelli pode se tornar um símbolo da tensão entre responsabilização judicial e discursos de perseguição política. A suposta fuga de Zambelli é um tapa na cara da Justiça brasileira.
A situação reacende o debate sobre os limites da imunidade parlamentar e os mecanismos institucionais para garantir que todos os cidadãos, independentemente de seu cargo, respondam por seus atos perante a lei.