Uma freira brasileira enfrenta momentos de dificuldades após ter sido removida do cargo de madre-abadessa do Mosteiro San Giacomo di Veglia, na Itália. A motivação foi uma denúncia anônima enviada ao Vaticano e a religiosa tenta recorrer.
Aline Pereira Ghammachi, nasceu no Amapá e é formada em administração. Aos 39 anos de idade, ela assumiu a liderança do mosteiro próximo a Veneza, em 2018, tornando-se a mais jovem abadessa da Itália.
Enquanto estava no cargo, promoveu projetos sociais, como apoio a mulheres vítimas de violência e uma horta comunitária. Em 2023, uma carta anônima acusou-a de manipular as freiras e ocultar finanças do mosteiro.
Uma auditoria inicial sugeriu o arquivamento do caso, mas uma nova investigação feita em 2024, concluiu que Aline era “desiquilibrada”. Sem direito a uma defesa normal, ela foi destituída no dia em que ocorreu a morte do Papa Francisco.
A nova abadessa, de 81 anos, assumiu alegando representar o pontífice já falecido, gerando revolta. Com o ocorrido, onze das vinte e duas religiosas deixaram o mosteiro em solidariedade a Aline, incluindo freiras que fizeram outras denúncias no local.
“Foi inaugurado um tratamento medieval, um clima de calúnias e acusações infundadas contra a irmã Aline que, por sua vez, é uma pessoa muito séria e escrupulosa e que nos últimos anos se tornou o ponto de referência para a comunidade”, defendeu uma freira.
Aline, que nega as acusações e atribui sua remoção a machismo e xenofobia, recorreu ao Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Agora, ela se encontra refugiada recebendo apoio de benfeitores.
Mesmo fora do cargo, ela pretende continuar o trabalho social com as ex-companheiras. Ao comentar a eleição do Papa Leão XIV, ela demonstrou otimismo, principalmente, por conta da formação dele que reforça a importância da justiça.