Em um momento em que o país acompanha com atenção o desenrolar das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado, uma cena no mínimo curiosa e simbólica chamou a atenção no Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), réu em um dos núcleos centrais do processo, surgiu no tribunal ostentando, com destaque na lapela do paletó, uma condecoração rara e significativa: a Medalha do Pacificador com Palma, honraria concedida pelo Exército.
A cena ganhou repercussão imediata nas redes sociais e na imprensa, especialmente pelo contraste entre o momento o interrogatório de um ex-presidente acusado de liderar uma trama golpista e a natureza da condecoração, destinada a reconhecer atos de coragem e heroísmo em tempos de paz.
Em um vídeo gravado nos corredores do STF, Bolsonaro chega a antecipar eventuais críticas ao uso da medalha e se defende dizendo: “porque eu tenho direito”. A medalha foi concedida em dezembro de 2018, pouco antes de Bolsonaro assumir a Presidência.
Bolsonaro ganhou a honraria com base em um episódio ocorrido em 1978, quando, ainda militar, ele salvou um soldado de um afogamento. Por esse ato, recebeu a honraria com a “palma”, um elemento adicional que simboliza bravura excepcional.
Enquanto o ex-presidente respondia por acusações que envolvem supostos planos para se manter no poder mesmo após a derrota eleitoral de 2022, o adereço militar chamou a atenção por carregar uma narrativa de heroísmo e honra justamente no momento em que sua conduta institucional está sob escrutínio.
O episódio gerou reações diversas: enquanto apoiadores exaltaram o símbolo como prova de caráter e coragem, críticos consideraram o gesto como provocativo e fora de tom para o contexto do julgamento.
A presença da medalha levanta questões sobre simbolismo político, uso de condecorações em ambientes judiciais e a maneira como figuras públicas constroem suas imagens até nos momentos mais delicados.
