Segundo o colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, ao ver o cerco fechar contra ele e os demais aliados, optou por não comparecer ao Superior Tribunal Federal (STF).
Em meio a um cenário de incertezas jurídicas, a ausência do ex-presidente Jair Bolsonaro no segundo dia do julgamento de sua denúncia no Supremo Tribunal Federal, ocorrido nesta quarta-feira (26), chamou atenção e foi cercada de especulações.
A possibilidade de medidas cautelares mais severas, como a prisão preventiva ou o uso de tornozeleira eletrônica, foi um dos fatores que mais preocupou aliados próximos e teria influenciado diretamente na decisão de Bolsonaro de não comparecer à Corte.
Na véspera da sessão, advogados do ex-presidente se mobilizaram com urgência para discutir o panorama que se desenhava.
Um jantar realizado em um restaurante de carnes na região nobre do Lago Sul, em Brasília, reuniu integrantes da defesa para avaliar riscos e estratégias.
A percepção entre bolsonaristas era de que o contexto político desfavorável poderia deixar Bolsonaro vulnerável a medidas mais duras, especialmente pela ausência simultânea de figuras centrais da política nacional.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem como os presidentes da Câmara e do Senado, estavam em viagem ao Japão, o que, segundo essa linha de raciocínio, impossibilitaria qualquer tentativa de articulação institucional imediata em sua defesa.
Com base nessas preocupações, aliados passaram a fazer contatos com representantes do Judiciário ainda na noite anterior ao julgamento, em busca de sinais que pudessem indicar qual seria a postura dos ministros diante da aceitação da denúncia.
Apesar do clima tenso entre assessores do ex-presidente, magistrados de tribunais superiores minimizaram a hipótese de medidas cautelares naquele momento, argumentando que a mera aceitação da denúncia não justificaria tal rigor, salvo em caso de interferência direta no processo por parte do réu.
O julgamento diz respeito ao inquérito que investiga suposta tentativa de golpe, e teve início na terça-feira com a participação do ex-presidente, que inicialmente pretendia retornar à Corte no segundo dia.
No entanto, recuou pela manhã, aumentando as especulações sobre os reais motivos de sua desistência. Nos bastidores, a presença de Bolsonaro no primeiro dia foi interpretada por ministros do STF como uma forma de demonstrar confiança e firmeza diante das acusações, embora alguns enxergassem a atitude como uma provocação deliberada ao Judiciário.
Esse episódio expõe o clima de tensão entre as instituições e a defesa do ex-presidente, bem como os reflexos das ausências de líderes políticos em momentos críticos.
Também evidencia a importância do equilíbrio entre os poderes e da condução técnica e transparente dos processos, especialmente em casos com alto impacto político e social.
A continuidade do julgamento poderá definir não apenas os próximos passos da defesa, mas também influenciar o ambiente político do país nas próximas semanas.