O fenômeno dos bebês reborn tem ganhado proporções surpreendentes no Brasil. O que começou como uma forma artística de criar bonecas hiper-realistas, hoje mobiliza milhares de pessoas nas redes sociais, com vídeos de “cuidados” maternos, enxovais completos, certidões de nascimento e até “consultas médicas” simuladas.
Entre o encantamento e a controvérsia, essa tendência alcançou um novo ápice: pedidos de batismo para essas bonecas começaram a surgir em igrejas pelo país, gerando reações inesperadas e até cômicas.
O padre Chrystian Shankar, conhecido por seu conteúdo nas redes sociais, viralizou recentemente ao publicar uma nota de esclarecimento inusitada: ele se recusou a batizar bebês reborn.
Em tom espirituoso, declarou que casos do tipo deveriam ser encaminhados “ao psicólogo, psiquiatra ou, em último caso, ao fabricante da boneca”. A reação do público foi imediata.
Muitos internautas expressaram surpresa e até indignação ao saber que fiéis estavam realmente solicitando batismos para bonecas. Por outro lado, defensores da prática apontam que o reborn, para muitos, vai além do brinquedo: é uma forma de expressão, arte e até uma ferramenta terapêutica.
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Especialistas em saúde mental explicam que a ligação emocional com os reborns pode sim ser saudável, desde que não substitua relações humanas ou prejudique a rotina. Segundo a psicóloga Rita Calegari, o uso das bonecas pode ajudar em casos de luto, ansiedade ou solidão.
Já o psiquiatra Alaor Neto reforça que o limite entre hobby e problema psicológico está na perda de discernimento entre realidade e fantasia. Enquanto para algumas mulheres o reborn representa afeto e alívio emocional, outras o veem como uma maneira legítima de vivenciar a maternidade sem os encargos reais.
Mas o debate ganha camadas mais profundas quando entra no campo religioso, social e até de gênero. Afinal, por que colecionadoras de bonecas ainda enfrentam tanto preconceito?
A arte dos reborns, com seus bebês perfeitos e agora até “rejeitados por padres”, continua provocando reflexões e dividindo opiniões — algo que, em tempos de viralização instantânea, só tende a crescer.