Em pequenas cidades do interior, tragédias silenciosas podem permanecer ocultas por dias, até que sinais incontestáveis revelem histórias de dor e mistério. A violência doméstica, ainda que muitas vezes invisível, deixa rastros em comunidades onde todos se conhecem, mas onde o medo e o silêncio frequentemente predominam.
Na região Sul do estado de Minas Gerais, uma dessas tragédias veio à tona na cidade de Alterosa, quando uma mulher de 29 anos e seu filho de apenas um ano foram encontrados mortos dentro de casa.
Os corpos, já em estado avançado de decomposição, foram descobertos nesta última terça-feira (20), pela mãe da vítima, após quatro dias sem contato com a filha.
Embora a ausência não parecesse incomum devido à rotina de visitas a um namorado que residia em Conceição Aparecida, a preocupação aumentou após funcionários do Centro de Referência em Assistência Social alertarem para a falta de resposta da jovem.
Ao chegar ao imóvel, a mãe da vítima notou o portão aberto, o forte odor e o grande número de moscas, o que a levou a arrombar a janela e, posteriormente, visualizar o corpo da filha. Um vizinho, ao ouvir os gritos de desespero, arrombou a porta, encontrando também o corpo da criança ao lado do da mãe.
Segundo a Polícia Militar, a mulher e o filho estavam deitados em um colchão, cobertos com cobertores, e havia uma televisão de tubo sobre o corpo dela. A cena encontrada indicava que ambos estavam mortos há pelo menos três dias.
Um primo da vítima relatou que ela foi vista no sábado anterior em um bar, acompanhada do namorado, e que o homem havia se envolvido em uma situação de violência com ela anteriormente.
Informações também revelam que o companheiro descobriu recentemente que não era o pai biológico da criança, o que teria gerado desentendimentos, inclusive a exigência de que a verdade não fosse divulgada, o que acabou não sendo respeitado pela vítima.
A perícia da Polícia Civil ainda não conseguiu determinar a causa das mortes, e os corpos foram encaminhados a uma funerária local. As investigações seguem em curso, com a polícia colhendo depoimentos e apurando todos os detalhes que possam levar à compreensão do que aconteceu dentro daquela casa.
Este episódio lamentável ressalta a importância de redes de apoio, denúncias de violência e vigilância comunitária. Muitas vezes, sinais de abuso passam despercebidos até que seja tarde demais.
A tragédia de Alterosa, marcada por silêncio, tensão e perda, exige não apenas respostas, mas também reflexão sobre como proteger mulheres e crianças em contextos de vulnerabilidade emocional e social. Os nomes das vítimas não foram divulgados.