Poucas horas antes de ser morta pelo ex-noivo Caio Nascimento, a jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, demonstrou insatisfação com o atendimento recebido na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
Em uma gravação obtida pelo portal g1, a vítima relatou a uma amiga que não se sentiu acolhida ao buscar proteção. Segundo Vanessa, a delegada que a atendeu foi fria e cortava suas falas enquanto tentava explicar a gravidade da situação.
Durante o atendimento, a jornalista solicitou informações sobre o histórico criminal do ex-companheiro, após descobrir que ele já havia sido denunciado anteriormente.
No entanto, foi informada de que os dados eram sigilosos e não poderiam ser divulgados. Conforme registros do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Caio responde a 14 processos por violência doméstica.
Na mesma gravação, Vanessa demonstrou frustração com a maneira como seu caso foi tratado. Relatou que estava fora de casa há dois dias, sem tomar banho ou trocar de roupa, e pediu orientação sobre como proceder.
A resposta recebida foi para retornar à sua residência e avisar ao ex-noivo para sair, o que, segundo ela, evidenciava a falta de compreensão sobre a seriedade da situação. Horas depois, a jornalista foi esfaqueada três vezes no tórax e não resistiu aos ferimentos.
O crime aconteceu na quarta-feira, 12 de fevereiro, e o agressor foi preso em flagrante pela Brigada Militar. A Polícia Civil do Mato Grosso do Sul anunciou que abrirá um procedimento para investigar o atendimento prestado à vítima na delegacia.
Segundo as autoridades, Vanessa conseguiu escapar de um cárcere privado para registrar o boletim de ocorrência contra o ex-companheiro, mas não recebeu a proteção necessária a tempo de evitar o desfecho trágico.
O assassinato da jornalista se soma ao crescente número de casos de feminicídio no estado. Ela é a segunda mulher morta em Mato Grosso do Sul por violência de gênero em 2025.
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No primeiro dia do mês, Karina Corin, de 29 anos, também foi vítima do ex-companheiro em Caarapó. Além dela, Aline Rodrigues, de 32 anos, amiga de Karina, foi assassinada pelo mesmo agressor. A morte de Vanessa reacende debates sobre a eficácia das medidas de proteção a mulheres em situação de risco.
Casos como o dela expõem falhas no atendimento às vítimas e levantam questionamentos sobre a necessidade de reforçar políticas de combate à violência doméstica, garantindo respostas mais ágeis e eficazes para impedir novas tragédias.
