Um caso de duplo homicídio que abalou o interior paulista teve novos desdobramentos com a prisão, nesta terça-feira, dos advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira.
O casal é suspeito de ser o mandante dos assassinatos dos empresários José Eduardo Ometto Pavan e Rosana Ferrari, ocorridos em abril deste ano em São Pedro (SP).
Os dois advogados tinham uma relação profissional de longa data com as vítimas, atuando como seus representantes jurídicos por mais de uma década. A operação que levou às prisões foi batizada de “Jogo Duplo” e foi deflagrada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba.
Além dos mandantes, a polícia também prendeu os dois executores do crime, em ações simultâneas realizadas em São Carlos e Praia Grande. Os detalhes completos da operação e das investigações serão divulgados em coletiva oficial ainda nesta terça-feira (17).
Segundo a apuração da Polícia Civil, o crime teria sido motivado por interesses financeiros. Para isso, teriam confeccionado documentos falsos e simulado uma ação judicial fictícia, convencendo os empresários a realizar os repasses.
Os advogados são acusados de arquitetar um esquema de fraudes com a finalidade de se apropriar de imóveis avaliados em aproximadamente R$ 12 milhões, além de receber R$ 2,8 milhões em valores alegadamente destinados a custas processuais, que nunca existiram.
A investigação ainda revelou que a advogada Fernanda chegou a ser incluída, em 2022, como sócia em uma das empresas do casal de empresários, no ramo imobiliário, o que teria reforçado a posição de confiança que permitiu a concretização da fraude.
Os suspeitos deverão responder por diversos crimes, incluindo homicídio qualificado, estelionato, associação criminosa, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver.
Os corpos das vítimas foram encontrados no dia 6 de abril em uma chácara localizada na serra de São Pedro, dentro de um veículo. José Eduardo apresentava as mãos amarradas, enquanto Rosana foi encontrada na caçamba da caminhonete.
A denúncia partiu de um comerciante da região que percebeu um corpo dentro do carro estacionado. O escritório dos advogados funcionava desde 2007 em São Carlos e atuava em várias frentes do Direito.
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Apesar da gravidade das acusações, ambos permanecem com registro ativo e situação regular na Ordem dos Advogados do Brasil. A subseção da OAB em São Carlos informou que acompanha as diligências e que o caso será analisado pelo Tribunal de Ética e Disciplina da entidade.
A trama, marcada por traição de confiança e violência brutal, ainda está em fase inicial de depoimentos, mas promete se desenrolar com novos elementos ao longo da investigação.
