Lucélia Maria da Conceição Silva, acusada de envenenar dois meninos em Parnaíba, no Piauí, em agosto de 2024, foi libertada nesta segunda-feira (13) por decisão judicial. Após cinco meses na prisão, a professora de 53 anos nega envolvimento no caso, que ganhou novos desdobramentos com a reabertura das investigações e a prisão de outro suspeito.
A soltura ocorreu após o Instituto de Medicina Legal (IML) descartar a presença de veneno nas frutas supostamente entregues às crianças. A Justiça, em medida cautelar de liberdade provisória, determinou que Lucélia responda ao processo fora da prisão. O advogado de defesa, Sammai Cavalcante, busca sua absolvição completa.
Lucélia foi presa em flagrante no dia 23 de agosto de 2024, após os meninos serem hospitalizados. Na ocasião, vizinhos, revoltados, tentaram linchá-la, e sua casa foi incendiada. Em entrevista, ela relatou ter sido salva pela Polícia Militar e agradeceu por estar viva, afirmando que desconhecia as vítimas e seus familiares.
Novos rumos na investigação
A investigação do caso ganhou novos contornos com a prisão de Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe das crianças, como principal suspeito de outro episódio de envenenamento ocorrido em janeiro de 2025.
Neste caso, um baião de dois envenenado resultou na morte de quatro pessoas da mesma família. A nova suspeita recai sobre Francisco, levando a polícia a reexaminar o caso das mortes de agosto.
Vida na prisão e perspectivas
Lucélia relatou ter enfrentado ameaças constantes de outras detentas, o que tornou sua estadia na prisão ainda mais difícil. Segundo ela, os meses encarcerada foram marcados por noites de insônia e pesadelos, reflexos de um período traumático.
Agora, de volta a Parnaíba, está sob proteção de familiares, aguardando a audiência marcada para o dia 23 de janeiro. Lucélia disse ainda que recebeu ameaças de outras detentas enquanto estava presa.
“Diziam que tinha uma cabeça sobrando. Que era a minha, né”. Nunca mais eu dormi. Desde que isso aconteceu na minha vida eu não consegui mais dormir direito. Um pesadelo que ainda hoje está na minha cabeça ainda”, disse.
A soltura de Lucélia, com base no laudo técnico que descarta o veneno nas frutas, e a investigação sobre outro suspeito, revelam a complexidade do caso e reforçam a necessidade de uma apuração minuciosa para esclarecer os fatos. Enquanto a justiça não é concluída, o episódio levanta questões sobre a presunção de inocência e os impactos de julgamentos precipitados.