A temporada de chuvas em Minas Gerais tem provocado uma série de transtornos e levado dezenas de municípios a decretar situação de emergência. Desde o início de janeiro, 47 cidades já oficializaram estado de emergência ou calamidade pública, com Belo Horizonte enfrentando alguns dos cenários mais críticos, especialmente após as fortes precipitações da última quinta-feira.
Na região de Venda Nova, uma das áreas mais afetadas da capital mineira, nem mesmo a bacia de contenção construída em 2021 foi capaz de conter o volume das águas. A estrutura, projetada especificamente para captação pluvial, transbordou em uma das principais vias da região, dificultando significativamente o tráfego de veículos.
A força das águas foi tão intensa que provocou o arrancamento do asfalto em diversas avenidas da cidade. Placas inteiras do pavimento foram arrancadas pela correnteza, levando à interdição de importantes vias de circulação. Na sexta-feira, equipes de manutenção foram mobilizadas para realizar os reparos necessários e restabelecer o fluxo do trânsito.
Um dos casos mais graves ocorreu em uma das principais avenidas de Belo Horizonte, que se estende por 12 quilômetros. A enxurrada não apenas danificou o asfalto, como também destruiu faixas de pedestres e outras estruturas viárias, exigindo a interdição completa de alguns trechos até que as obras de recuperação sejam concluídas.
“O pessoal que não sabe vai ficar debaixo da água. A inundação ali na Vilarinho, quando vem essas trombas d’água, é muito grande”, alertou o sapateiro David Geraldo, morador da região que presenciou o desastre. Sua preocupação reflete o sentimento de milhares de moradores que enfrentam as consequências das chuvas.
A situação tornou-se ainda mais dramática quando moradores tiveram que se mobilizar para realizar resgates de emergência. Em um dos episódios mais marcantes, uma criança e uma mulher foram salvas de um carro de aplicativo pela ação rápida da comunidade local. Em outro ponto, passageiros de uma van precisaram abandonar o veículo com água na altura das canelas.
“É uma tristeza, dá vontade de chorar, porque é uma vida que nós temos aqui. E não deu tempo de tirar nada, só a bolsa com os documentos e os remédios das minhas irmãs”, desabafou a servente de limpeza Márcia Cristina Gonçalves, que observou a destruição da varanda de sua casa no segundo andar.
Os problemas não se limitaram apenas às inundações. Um muro desabou atingindo a lateral de um edifício residencial e destruindo a parede do quarto de um apartamento, forçando a evacuação dos moradores.